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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Reinventando os Serviços Financeiros I



Confrades,

Estou lendo o livro acima: Reinventando os Serviços Financeiros - o que os consumidores esperam dos bancos e das seguradoras para o futuro ( Peverelli,Roger / De Feniks,Reggy/ Milaré, Karina).

Discordo de vários pontos do livro, como exemplo: em certa altura afirma-se que a educação financeira para adultos não tem serventia, pois chegou-se tarde demais, e ela só funciona para crianças (what the f...?!). E que o comportamento dos consumidores é irracional e preguiçoso, sendo que os benefícios de estar bem informado não estão muito claros, de acordo com uma pesquisa do Deutsch Bank (cruzes). 

Apesar disso encontrei um diagnóstico bastante preciso de nós clientes mais bem informados sobre finanças que eles denominam consumidores autogeridos:

"Podemos compreender os consumidores autogeridos como um grupo de compartilha uma mentalidade similar: a autogestão.  Suas necessidades e comportamentos resultam dessa mentalidade. Consumidores autogeridos normalmente valorizam sua independência, possuem forte interesse em finanças pessoais e gostam de estar no controle e tomar as próprias decisões financeiras. Isso significa que estão dispostos a investir tempo e esforço necessários para gerenciar suas finanças, obtendo informações a partir de uma ampla gama de fontes.

Esse grupo tem alta propensão a apresentar maior grau de escolaridade, conhecimento e opinião crítica. Muitas vezes, tem renda acima da média, são usuários intensivos de computadores e smartphones e atuam com proficiência em canais de autosserviço como a internet.

Eles adotam uma postura crítica, porém justa em relação às instituições financeiras: entendem que um banco ou seguradora é um negócio que precisa lucrar, dede que não exageradamente às suas custas."

Achei muito precisa a definição. Discorrem ainda em relação aos estabelecimentos financeiros tradicionais, que qualificam de grandes, impessoais e burocráticos. Essas instituições acabam por subtrair a autonomia do cliente, que se sente inerte diante de suas imposições e restrições. A atitude dos bancos deixou uma desconfiança que ficou profundamente enraizada, deixando o cliente ainda mais crítico. Esse  consumidor agora não irá aceitar nada menos que alto grau de transparência e competência: 

"Consumidores autogeridos demonstram relativamente menor fidelização às marcas. Eles acreditam que pesquisar opções de compra lhes garantirá melhores negócios. Boa relação custo benefício, velocidade e conveniência são os principais vetores para sua escolha. Se surgir algum problema, deve ser resolvido imediatamente."

Não é surpresa que os bancos pela internet são percebidos como mais transparentes e eficientes que suas contrapartes tradicionais. Isso se dá principalmente pela combinação de simplicidade, produtos com boa relação custo-benefício e pelo controle proporcionado ao consumidor sobre suas finanças.

Consumidores autogeridos, mais do que qualquer outro grupo, discutem assuntos relativos a dinheiro com amigos, compartilhando opiniões sobre os melhores passos a serem tomados."

O tal consumidor autogerido toma as rédeas de sua situação financeira, ao invés de delegar a gestão de seu futuro a fundos de pensão, seguradoras de vida, corretores e intermediários.

Até a finansfera é analisada no livro, quando afirmam que há dez anos atrás, comunidades online com milhares de membros discutindo assuntos financeiros eram raras. Mas destacam o perigo de os consumidores superestimarem seu conhecimento em finanças:  "A abundancia de informação, ferramentas e opiniões na internet reforçam a convicção de que podem fazer tudo sozinhas (...)  "Inerente ao fato de que muitos confiam cada vez mais nas opiniões e conselhos de seus pares na internet está o perigo de um cego guiar outro cego".

É inegável a importância das informações financeiras que se tem na internet em blogs, fóruns, etc. A maioria das pessoas somente vem a ter um conhecimento maior nessa área depois de vasculhar muito na web as informações, tendo em vista que o assunto não é abordado na educação formal, nem em qualquer campanha na mídia (muito pelo contrário, esta última estimula consumo desenfreado). No entanto, é preciso ter um bom filtro na leitura, pois trata-se de amadores em sua maioria os que estão discutindo para construir um conhecimento mais avançado.

To be continued...

"Não faz mal que seja pouco, o que importa é que o avanço de hoje seja maior do que o de ontem, que nossos passos de amanhã sejam mais largos que os de hoje"


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A curva da satisfação


Estou lendo o excelente livro Dinheiro e Vida, de Joe Dominguez e Vicki Robin (Título original Your Money or Your Life, Ed. Cultrix).

O livro aborda muitos aspectos importantes de nossa relação com o dinheiro, mas um assunto em especial chamou-me a atenção: como o consumo adentra em todas as áreas de nossas vidas. Ou, como dito no livro, "nós não mais vivemos a vida, nós a consumimos".

"Projetamos no dinheiro a capacidade de realizar as nossas fantasias, tranquilizar os nossos receios, aliviar a nossa dor e enviar-nos às alturas (...)compramos tudo, desde a esperança até a felicidade. Não vivemos mais a vida, nós a consumimos."

Assim, se sentimos ansiedade, compramos um ansiolítico ou um livro de auto-ajuda. Se os filhos estão carentes, compramo-lhes um brinquedo caro. Se a esposa é que precisa de atenção, liberamos o cartão de crédito para suas compras no shopping. Se queremos descansar, compramos uma viagem para Dubai. Se estamos entediados, compramos um carro novo.

Aprendemos a buscar soluções externas para sinais da mente, do coração ou da alma de que algo está em desequilíbrio. Tentamos satisfazer necessidades essencialmente psicológicas, sociais  e espirituais por meio do consumo no nível físico.

Embora saibamos que o dinheiro não compra felicidade e que as melhores coisas da vida são gratuitas, a sinceridade exige que façamos um exame mais profundo. O nosso comportamento conta uma história diferente.

Abaixo, os autores nos apresentam a curva da satisfação. E a palavra mágica é "suficiência". Satisfeitas as necessidades humanas básicas de sobrevivência, conforto, e até alguns artigos de luxo, chega-se a um limite em que o dinheiro não trará qualquer satisfação que não seja fugaz, sem consistência e perdulária.

A suficiência é o ponto em que “temos tudo de que precisamos; não há nada adicional que nos oprima, nos desvie do rumo certo ou nos atormente, nada que compramos a prazo, que nunca usamos e que estamos nos matando para pagar. A suficiência é uma posição destemida. Um lugar confiável. Uma posição sincera e autovigilante. É o ponto em que apreciamos e desfrutamos plenamente o que o dinheiro traz para a nossa vida sem nunca comprar alguma coisa que não seja necessária e desejada” [Joe Dominguez e Vicki Robin, Dinheiro e Vida, 2007]


Bem, como a ideia é não deixar os posts muito longos, continuo depois. Recomendo a leitura.

Abraço!

Ps: como agora tem mais gente lendo o blog além de mim mesmo (Rs), estou reeditando alguns posts.

“Dinheiro é barato. Cara é a liberdade” Bill Cunningham

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Trade no Tesouro direto





A renda passiva é algo maravilhoso e existem os perfis de investidor de trader ( comprar e vender e ganhar na variação de preço) e o holder (que mantém consigo os papéis). Mas trade se faz essencialmente com ações. 

Tenho visto em muitos fóruns de discussão e em chats sobre investimentos a moda de se fazer trade com tesouro direto. Há até cursos para isso.Eu sinceramente acho que esses cursos uma grande perda de tempo e dinheiro. Veja: Você já sai perdendo com o spread ( diferença de preço entre compra e venda no próprio tesouro), paga taxa de administração um ano adiantado, paga maiores alíquotas de imposto de renda, e perde os juros compostos do longo prazo. E depois vai vender pra comprar o que no lugar? Se comprou e por uma boa taxa de juros, nem vai aproveita-la? Vai vender uma NTN-B valorizada e recomprar a mesma NTN-B mais cara, que estará pagando uma taxa de juros menor? Olha, pra mim não faz o menor sentido. Mas cada um faz o que quer com seu dinheiro, só acho que o governo e os bancos já estão muito ricos. Se quiser fazer caridade é melhor ajudar os pobres. 

Vejo também o pessoal fissurado em pequenas variações diárias de taxas pagas pelos títulos do governo brasileiro. Concordo que qualquer décimo de ponto percentual faz diferença em 20 anos por causa dos juros compostos. Ocorre que que muitos ficam obcecados em conseguir boas taxas na renda fixa ou mesmo em ações, e acabam prejudicando o estudo e trabalho que geram a verdadeira renda. E o trabalho que falo pode ser também no seu próprio negócio. Os "taxeiros" jamais irão superar aqueles que se dedicam ao trabalho e aportam mais. No tesouro direto faço assim: assim que recebo o dinheiro, uma vez por mês vou lá e compro. E tem que ser para carregar até o vencimento. Se for pra ficar girando, é só pra pagar mais impostos, corretagem, taxas, e perder a maravilha dos juros compostos! 

Penso que que faz muito pouca diferença essas pequenas variações de taxa no tesouro. Quem pensa no longo prazo tem que ir comprando sempre, levar até o vencimento e gastar o tempo no que realmente traz grana: trabalho. E o fundamental é planejamento para que você consiga carregar o título até o vencimento, a não ser em casos de força maior. Abraço!

"Um tolo acha que ele é sábio, mas o homem sábio sabe que é um tolo."


William Shakespeare