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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

A psicologia do dinheiro V



Olás, esta é o último post de uma série  baseada no  artigo de Morgan Housel - A Psicologia do Dinheiro -The psycology of money

Pirâmide de grau de importância nos investimentos - sem a base, tudo irá ruir



Não ache que o que aconteceu no mercado em um passado recente irá repetir-se indefinidamente no futuro.


Manchetes de notícias no mês após o 11 de setembro são interessantes. Poucos acreditam na ideia de que o ataque foi um caso isolado; o próximo ataque terrorista em massa estava certo ao virar da esquina. "Outro ataque terrorista catastrófico é inevitável e apenas uma questão de tempo", disse um analista de defesa em 2002. "Um alto funcionário antiterrorismo diz que é 'uma questão de quando, não se'", lia-se em outra manchete. Além da antecipação de que outro ataque era iminente, acreditava-se que isso afetaria as pessoas da mesma maneira. O programa The Today Show tinha uma seção o que fornecia pára-quedas para os funcionários do escritório manterem sob suas mesas, caso precisassem pular de um arranha-céu.

Acreditar que o que acabou de acontecer continuará acontecendo aparece constantemente na psicologia. Nós gostamos de padrões e temos memórias curtas. E quando você está lidando com dinheiro, isso pode ser um tormento.

Toda grande vitória ou perda financeira é seguida por expectativas em massa de mais ganhos ou mais perdas. Com isso, surge um nível de obsessão em relação aos efeitos desses eventos que se repetem e que podem estar descontroladamente desconectados de seus objetivos de longo prazo. Exemplo: o mercado de ações caindo 40% em 2008 foi seguido, ininterruptamente, por anos, de previsões de outra queda iminente. E o que aconteceu? O mercado americano subiu vertiginosamente de lá pra cá. 

Esperar o que aconteceu no passado de novo em breve é um erro em si. Mas não perceber que suas metas de investimento de longo prazo podem permanecer intactas, ilesas, mesmo se tivermos outra grande queda, é o perigoso subproduto do viés de recência*. “Os mercados tendem a se recuperar com o tempo e a fazer novas máximas” não foi uma expressão de sucesso popular durante a crise financeira; “Os mercados tem crashes, e isso é um saco” era a expressão mais admirada.

Na maioria das vezes, algo grande acontecendo não aumenta as chances de que isso aconteça novamente. É o oposto, pois a reversão é uma lei impiedosa das finanças. Mas mesmo quando algo grande acontece de novo, não deve impactar suas atitudes em relação a seu portfólio. As extrapolações são de curto prazo, enquanto a maioria das metas é de longo prazo. Uma estratégia estável projetada para suportar mudanças é quase sempre superior a uma que tenta se proteger contra outra baixa.

Se há um denominador comum em tudo isso, é uma preferência por humildade, adaptabilidade, longos horizontes de tempo e ceticismo em relação a qualquer coisa "popular" que envolva dinheiro. O que pode ser resumido como: Esteja preparado para os solavancos.

Jiddu Krishnamurti passou anos dando palestras espirituais. Ele se tornou mais sincero quando ficou mais velho. Em uma famosa palestra, ele perguntou à platéia se eles gostariam de saber seu segredo.


Ele sussurrou: "Veja, eu não me importo com o que acontece."

Esse pode ser o melhor truque quando se lida com a psicologia do dinheiro.


*recência
1. estado ou qualidade do que é recente
2. PSICOLOGIA situação em que a informação recebida em último lugar sobre algo ou alguém é a mais provável de ser lembrada

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